Doar Medula Óssea – Dói?

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Doar medula óssea é um acto de altruísmo.

Não é simples, especialmente para quem espera: pode ser muito complicado encontrar dadores compatíveis. E, dentro de todas as pessoas saudáveis que poderiam tornar-se dadoras, muitas não os fazem. É uma escolha de cada um, é certo, mas creio que há quem não o faça porque tem dúvidas.

Neste momento, a irmã da Isabel necessita de encontrar um dador compatível – tem 38 anos, 2 filhos pequenos, sempre foi saudável e foi diagnosticada com uma falência grave da medula em Agosto.

Não existe um dador directo na família, pelo que aguarda que surja um dador compatível.

Basta fazer uma breve pesquisa no Google para compreender quais são os maiores receios relacionados com o processo de doação de medula. Parece que ainda há muito mistério em torno de algo tão nobre!

Queremos saber como funciona, quais são os riscos e as consequências, se dói…

Como ser dador de medula óssea em Portugal?

Estou registada como dadora de medula óssea desde os 18 anos. Já foi há muito tempo, mas podem ler sobre a experiência aqui. Gosto de me mostrar disponível para ajudar enquanto posso. Se fosse eu a necessitar, iria gostar que outro alguém pensasse da mesma forma!

Na altura, em 2009, era necessário ir de propósito ao local onde funcionava o CEDACE. Hoje em dia, podem registar-se em qualquer local onde fariam uma doação de sangue para o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST). É lá que encontram, também, a resposta para quaisquer dúvidas que possam ter!

De uma forma geral, os requisitos para se tornarem dadores são estes:

    • Idade entre os 18 e 45 anos
    • Altura mínima de 1.50m
    • Peso mínimo de 50kg
    • Ser saudável (não ser portador de doenças crónicas/auto-imunes)
  • Não ter recebido transfusões desde 1980

O processo inicial é muito simples: é feita uma triagem, onde os profissionais de saúde verificam se está tudo bem, colocam algumas questões e fazem uma colheita de sangue para análise.

Como funciona a dádiva?

Contrariamente ao que se possa pensar, na maior parte dos casos é quase como se fosse uma dádiva de sangue! Surpreendente? Há três tipos de procedimento para colheita de células diferentes para transplantação de medula:

  • Pode ser feita colheita de sangue, após a toma de um fármaco que induz o aumento de produção das células progenitoras;
  • Pode fazer-se colheita de células progenitoras do cordão umbilical (sim, aquele processo de recolha de células estaminais de recém-nascidos);
  • Pode colher-se directamente do interior dos ossos onde se desenvolve a medula óssea.

No último caso, é necessário um breve internamento hospitalar e o processo consiste numa punção que é feita sob anestesia. Mesmo que haja alguma dor (que é perfeitamente suportável e controlável com anti-inflamatórios), eu penso desta forma: para mim é um desconforto, para quem precisa é uma nova oportunidade de viver.

A quem vão doar?

Quando se registam no IPST como dadores de medula, existirá anonimato quer em relação à vossa identidade, quanto à do receptor. Estarem registados no banco de dadores não quer dizer, necessariamente, que vão doar medula. Eu, por exemplo, restou registada há quase 10 anos e nunca fui contactada.

Se surgisse alguém compatível comigo e necessitasse da minha dádiva, entrariam em contacto comigo. Caso eu mantivesse vontade de ser dadora, seriam feitos novos testes de compatibilidade e repetiria os exames feitos inicialmente para validar que tudo está bem e seriam esclarecidas as minhas dúvidas.

Muitas vezes, é possível encontrar dadores para alguém que necessita dentro da sua família directa. Ainda assim, as possibilidades são baixas e é por isso que é tão importante que haja uma rede de dadores.

Doar medula não é perigoso, não dói, nem oferece riscos. As consequências? Ajudar alguém a viver!


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